Profª. Drª. Zoy Anastassakis (ESDI/ UERJ) realiza oficina no IHAC aproximando “design, antropologia e as fabulações especulativas”

Profª. Drª. Zoy Anastassakis (ESDI/ UERJ) realiza oficina no IHAC aproximando “design, antropologia e as fabulações especulativas”

No contexto do Programa Internacional de Residências Artísticas e Científicas Balaio Fantasma (PIRAC), no dia 21 de novembro de 2024 a Profª. Drª. Zoy Anastassakis, da ESDI/ UERJ, irá ministrar a oficina “da mão à sacola: conter e contar“. A atividade será realizada a partir das 17 horas no vão livre do prédio do IHAC (Ondina).

Confira a seguir mais informações sobre a oficina:

Quando os nossos antepassados começaram a andar eretos, pela primeira vez ambas as mãos ficaram livres. Se juntassem essas mãos livres, fariam um recipiente.
(Kenya Hara, 2007: 402)

Se é uma atitude humana colocar algo que queremos, porque é útil, num saco, ou numa cesta, ou num pedaço de casca ou folha enrolada, ou numa rede tecida com o nosso próprio cabelo, ou o que quer que seja, e depois levá-lo para casa conosco, sendo a casa um outro tipo maior de bolsa ou sacola, um recipiente para pessoas, depois, mais tarde, tiram-na e comem-na ou partilham-na ou guardam-na para o inverno num recipiente para soldados ou colocam-na na trouxa de remédios ou no santuário ou no museu, no lugar sagrado, na área que contém o que é sagrado, e no dia seguinte provavelmente fazem o mesmo – se isso for ser humano, se isso é o que é ser humano, então, afinal, sou um ser humano. Plenamente, livremente, alegremente, pela primeira vez.
(Ursula K. Le Guin, 2019: 32-33)

Partindo de algumas características que distinguem a prática do design, nomeadamente o (1) conhecimento pelo fazer e (2) exercícios de imaginação coletiva de futuros transformativos, esta oficina aproxima design, antropologia e as fabulações especulativas. A proposta parte de uma discussão prévia de dois textos, de Ursula Le Guin e Kenya Hara, que servirão como mote para um exercício de imaginação coletiva. Da mão à sacola, contendo e contando, brincaremos de imaginar e especular sobre possibilidades de futuro, processos colaborativos, decolonização das práticas de produção de conhecimento, e relações entre cultura e materialidade. Recorrendo a uma simples sacola, ou à nossa própria mão, ensaiaremos narrativas coletivas que versem sobre as possibilidades de (re)desenhar o que cada uma das participantes entende ser a sua prática de pesquisa.   

Funcionamento do seminário:

primeira hora | Apresentação/discussão dos textos selecionados

segunda hora | Saída de Campo

terceira hora | Montagem coletiva de possibilidades narrativas

quarta hora | Conversa final 

Sugestão de materiais a trazer para a sessão:

# Sacolas de supermercado, cestas, baldes, sacos de rede usados para armazenar/transportar legumes, para a realização da coleta em campo. 

# Papéis e/ou cartolinas variadas com diferentes texturas, acabamentos, estados de degradação, o que tiverem à mão. 

# Canetinhas, lápis de cor, tesouras, cola, materiais de papelaria de diferentes sortes.

Leituras sugeridas antes da sessão:

Hara, Kenya. Designing Design. Basel: Birkhauser, Lars Muller Publisher, 2007. 

Ler as sessões: “Hearing the outcry” e “Two origins”

Le Guin, Ursula K. “A ficção como cesta: uma teoria”. Título original: “The Carrier Bag Theory of Fiction” (1986). In: Dancing at the Edge of the World – Thoughts on Words, Women, Places (1989). Ed. Grove Press. Tradução: Priscilla Mello. Revisão: Ellen Araujo e Marcio Goldman.

Sobre Zoy Anastassakis:

Designer formada pela Esdi/UERJ, com mestrado e doutorado em Antropologia pelo PPGAS, Museu Nacional, UFRJ. Dirigiu a Escola Superior de Desenho Industrial, Universidade do Estado do Rio de Janeiro, entre 2016 e 2018, e, agora, novamente, desde de março de 2024. Na Esdi, atua como professora adjunta, coordenando o grupo de pesquisa “Laboratório de Design e Antropologia” e os projetos de extensão “Correspondências” e “Cozinha das Tradições”, que reúnem parceiros indígenas, quilombolas e comunidades de terreiro em torno do fazer e compartilhar tecnologias ancestrais de cultivo, alimentação e cuidado. Em 2017, participou, como pesquisadora visitante, do projeto “Knowing from the inside: Anthropology, Art, Architecture and Design”, liderado por Tim Ingold no Departamento de Antropologia, Universidade de Aberdeen, Escócia. Entre 2019 e 2020, realizou pesquisa de pós-doutorado no Centro em Rede de Investigação em Antropologia (CRIA), em Lisboa, Portugal. Publicou “Triunfos e Impasses: Lina Bo Bardi, Aloisio Magalhães e o design no Brasil” (2014), “Refazendo Tudo: confabulações em meio aos cupins na universidade” (2020) e “Everyday acts of design: learning in a time of emergency” (2022), em coautoria com Marcos Martins.

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