Projeto “Xamanismo e Clima” divulga chamada para bolsistas PIBIC

Projeto “Xamanismo e Clima” divulga chamada para bolsistas PIBIC

O professor do IHAC Felipe Milanez está selecionando dois estudantes interessados/as (sendo um de ação afirmativa indígena) em participar como bolsista PIBIC do projeto “Xamanismo e clima: as memorias do Antropoceno que guardam os rios e as florestas e os projetos de futuros coletivos dos povos indígenas”. 

Atribuições do/a bolsista: ter disponibilidade para participar de reuniões semanais do Grupo de Pesquisa Ecologias Políticas; contribuir na construção da metodologia de sistematização de violências contra indígenas defensores ambientais; contribuir na sistematização dos saberes dos pajés que farão parte do projeto; contribuir na construção de um levantamento de conflitos ambientais envolvendo povos indígenas no Nordeste; participar da organização de eventos com pesquisadores indígenas. 

Sobre o processo seletivo: 

Pré-requisitos para a bolsa: Para participar é preciso estar regularmente matriculado em curso de graduação da UFBA, ter coeficiente de rendimento maior ou igual a 6,0; não acumular bolsa com outro Programa institucional; ter disponibilidade de 20 horas semanais para dedicação às atividades da bolsa. 

Preferência para estudantes das áreas de humanidades, ciências sociais ou áreas afins, com interesse no tema da ecologia política e das lutas indígenas. 

Pessoas interessadas devem enviar e-mail para o professor Felipe Milanez para o endereço felipemilanez@ufba.br até o fim do dia 19/08 (11:59), contendo uma carta de motivação de até duas páginas, onde apresenta um breve histórico de sua formação e interesse no tema, bem como a disponibilidade para participar da pesquisa. 

Serão realizadas entrevistas nos dias 21/08 e 22/08 presenciais no IHAC. 

Resumo do projeto:

Este projeto dá seguimento ao projeto em andamento, Uma ecologia política do genocídio e ecocídio no Nordeste: saberes e insurgências indígenas contra a destruição, que mapeou conflitos ambientais no rio São Francisco afetando territórios indígenas e pesquisando as resistências indígenas com três mestres dos saberes e xamas e curandeiras. Diante dos resultados alcançados, esta nova etapa vai aprofundar a pesquisa sobre as lutas indígenas frente a projetos de extrativismo, tanto energético quanto mineral e agrícola, tendo por foco o pensamento xamânico sobre a emergência climática e as alternativas coletivas que lideram em seus povos. Xamanismo é amplamente conhecido na literatura como a capacidade de prever futuros e de ver o que não é comumente visto, isto é, de transformar-se em outro, de mudar de identidade. No caso deste projeto, não se propõe uma contribuição etnográfica do xamanismo, mas encontrar modos de escutar os xamãs através de expressões de seus pensamentos críticos. 

A partir de uma perspectiva decolonial da ecologia política, esta pesquisa tem por objetivo central aprofundar o caminho das ecologias políticas desde Abya Yala, qual seja, de aprender o pensamento crítico desde abaixo e com a Terra. Se é bem conhecido e debatido relações e modos xamânicos na antropologia, a contribuição para a ecologia política ainda é incipiente. Ao mesmo tempo, tem crescido o número de violências, ameaças e assassinatos de lideranças espirituais, sobretudo xamãs e mães-de-santo, que lideram resistências coletivas em conflitos ambientais. Duas questões conduzem essa pesquisa: Por que xamãs e lideranças espirituais tem sido cada vez mais vítimas de violência em conflitos ambientais? Como ocorre esse processo de intimidação e silenciamento? E delas aparece o problema central: diante do aumento de violências contra lideranças espirituais em conflitos ambientais, o que dizem as vítimas, quais os pensamentos, propostas e alternativas que mobilizam suas ações: por que lutam os xamãs?