Prof. Victor Lage (PPGRI/IHAC) organiza número especial da Revista Brasileira de Literatura Comparada. Prazo para submissões vai até 31 de janeiro.
O professor do IHAC e do PPGRI Victor Coutinho Lage e o professor Anderson Martins (UFJF) estão organizando o número especial Literatura, cultura e (des)globalização, a ser publicado na Revista Brasileira de Literatura Comparada.
O prazo para envio das submissões é 31 de janeiro. O periódico, classificado como A1, aceita manuscritos em diversas línguas, incluindo português, inglês, francês, italiano, espanhol.
O link para a Chamada, publicada nas línguas mencionadas, está logo abaixo:
https://revista.abralic.org.br/index.php/revista/index
A versão em português do texto pode ser lida a seguir.
Revista Brasileira de Literatura Comparada
Chamada de artigos
Volume 25, n. 49 (2023/2)
Literatura, cultura e (des)globalização
Todas as áreas do saber que se voltam para compreender e atuar sobre a globalização em sua vertente contemporânea contribuem tanto para o avanço do conhecimento sobre seus processos políticos, sociais, culturais e econômicos quanto para o mapeamento de seus múltiplos sentidos enquanto fenômeno de linguagem. O linguista Norman Fairclough enfatiza que, quando investiga a globalização, o pesquisador tem diante de si uma prática efetiva de trocas e influências, deslocamentos, transações e interpelações, assim como um signo linguístico que tem o seu sentido simultaneamente conhecível e cambiável.
A ideia de globalização é tão amplamente difundida quanto intensamente disputada. Por certo ângulo, ela é identificada a transformações das últimas décadas que teriam gerado maior integração global e mesmo uma promessa de dissolução geral de fronteiras, associada a uma rearticulação ampla das relações (inter)culturais. Em direção bastante diferente, no entanto, a ideia também é associada não à dissolução, mas à proliferação de fronteiras dentro e fora dos estados e das culturas nacionais, acompanhada de perto pelo modo como a intensificação de deslocamentos humanos e não humanos é atravessada de forma contínua e cambiável por múltiplas relações de poder e por uma distribuição desigual de benefícios, privilégios, deveres e direitos.
Ainda vale considerar a perspectiva segundo a qual a abordagem da globalização requer uma sensibilidade histórica de mais longo prazo, de modo que ela seja interpretada de maneira indissociável da própria constituição do mundo moderno/colonial. Nessa linha, o encontro colonial com o “Novo Mundo” teria sido um marco fundamental – ou mesmo fundante – do mundo globalizado. Por fim, é possível identificar, mais recentemente, uma crescente atenção voltada à relação entre a globalização e, de um lado, o recrudescimento de nacionalismos, xenofobias e tensões geopolíticas, e, de outro, a reconfiguração das relações de poder associadas a marcadores de diferenciação ou discriminação de raça, etnia, classe, gênero, sexualidade, entre outros.
Nesse terreno heterogêneo de disputa sobre os sentidos (significados e direções) dos processos de (des)globalização, estão sob intenso questionamento pares estruturantes da cultura e da política – tais como pobreza/riqueza, precariedade/estabilidade, avanço/retrocesso, local/global, virtuoso/perverso, interno/externo, familiar/estrangeiro –, juntamente com conceitos a eles relacionados, tais como cidadania, nação, memória, história, pertencimento, comunidade, autoridade, estado, ecologia.
A reflexão a partir desse terreno requer um pensamento que atravesse tanto as fronteiras disciplinares quanto as nacionais. Ademais, como de costume, momentos que representam guinadas conceituais também desencadeiam novas formas de práxis que suscitam uma gama de respostas criativas por parte de agentes culturais, artistas, escritores(as), pesquisadores(as), críticos(as) e instituições.
Com isso em mente, convidamos todas e todos que se debruçam sobre o tema delineado acima a contribuírem com submissões de artigos que possam fazer avançar a reflexão sobre as múltiplas modalidades de interação das variadas produções artísticas e literárias com os processos históricos e/ou contemporâneos de (des)globalização. Em particular, estimulamos textos que dialoguem com essas produções a fim de ressaltar sua contribuição para um pensamento crítico diante dos processos mencionados.
Responsáveis pela organização: Anderson Bastos Martins (UFJF) e Victor Coutinho Lage (UFBA)
Prazo para as submissões: 31 de janeiro de 2023