Balaio Fantasma realiza ocupação “Fantasmagorias Dahomeanas” na Casa do Benin
O Laboratório Interdisciplinar de Pesquisa em Artes Balaio Fantasma realiza de 17 de novembro a 10 de dezembro (2022) o projeto de ocupação e exposição “Fantasmagorias Dahomeanas”, que terá espaço na Casa do Benin. Confira a seguir o convite na íntegra para o evento.
Fantasmagorias Dahomeanas é o projeto de ocupação da Casa do Benin, em Salvador, pelo Laboratório interdisciplinar de pesquisa em artes Balaio Fantasma, coordenado pela artista e pesquisadora Paola Barreto desde 2017 na UFBA. Trabalhando entre saberes e práticas produzidos na universidade e em espaços não formais de educação, nos propomos a escavar memórias, no contato com territórios e comunidades baseados em Salvador, para fazer aparecer, através de ações artísticas, aspectos esquecidos, apagados ou invisibilizados de nossas histórias e sociedades.
A partir de um convite para desvendar, junto ao multiartista beninense James Codjo Awononnow, os tesouros guardados no acervo desta Casa, nos lançamos a uma série de desafios. O primeiro deles, enfrentar o que nos assombra nas armadilhas dos arquivos coloniais, a fim de dialogar para além das fronteiras, geográficas e imaginárias. É assim que nos voltamos para o país que hoje denominamos República do Benin, parte de um território que foi, durante mais de três séculos, conhecido como Reino do Dahomé, também grafado Danxomey, o reino de dan, a cobra, elemento de transformação. A cobra é um signo de transmutação, sendo a imagem da dupla serpente a encarnação do segredo que une vida e morte, em diferentes culturas do conhecimento. Entre os povos originários da costa ocidental africana isso não é diferente, e é nas curvas sinuosas do movimento da cobra que muda de pele e dorme com os olhos abertos que produzimos essas fantasmagorias.
Quando falamos em fantasmagoria, invocamos formas de aparição de realidades ocultas, sob os riscos e os sustos que isso implica. Na figura da cobra que morde o próprio rabo, nosso interesse não é apenas o de mergulhar em uma herança a fim de irrigar a terra e fortalecer nossas raízes, mas de, a partir desse solo fértil que nos constitui, redesenhar caminhos que nos conectam a futuros de abundância e plenitude, sob as sombras de uma frondosa copa.
As atividades de nossa programação propõem questões relativas à produção de conhecimento afrodiaspórica e ou contracolonial, tematizando a institucionalização das artes e tecnologias, a partir de perspectivas críticas aos processos de arquivamento, processamento e transmissão de conhecimento. Para fazer sibilar os ecos de uma presença que não é passada, mas presente, e que ressoa nesse chão onde ora pisamos, convidamos, com amor, para essa gira.
A ocupação está sendo sonhada através de múltiplas camadas, camadas finas de significados, contextos, temporalidades, e que constituem um corpo. Na fantasmática desse corpo, há órgãos sentidos em suas ausências. Como essas ausências se tornam presentes? Como acordar os sentidos para dimensões adormecidas de nossos corpos – territórios, fazendo aparecer aspectos latentes, mas não manifestos em nossas existências? Como tornar visível, ou melhor, sensível, aquilo que está oculto pela falta de cuidado, apagado pela colonialidade?
Como parte de um programa de pesquisa, ensino e extensão que busca fortalecer uma rede de trocas interculturais na diáspora, lançamos a nossa flecha. Uma flecha que chega ao outro lado do tempo e do espaço como uma ponte, por onde continuamos nossas travessias. Um arco no céu que conecta tesouros por desvendar. Certamente há muito por fazer. Mãos à obra!
Fantasmagorias Dahomeanas (programação)
Ocupação Artística
17. novembro a 10. dezembro 2022
17/11 | quinta
17h – Abertura da Exposição Galeria: “Onde as cobras (não) dormem: Imagem e Re-territórios”
18/11 | sexta
14h – Mediações através das Artes – Prática extensionista com componente curricular do BI em Artes / Rafael Amorim (PPGAV) – Visitas / Galeria Pierre Verger e Galeria Lina Bo Bardi
15h às 16:30h – Roda de conversa: Uma nova era na diplomacia cultural? O museu na berlinda – Pátio – Emi Koide (África nas Artes – CAHL – UFRB)/ Vilma Santos e José Eduardo (Acervo Laje) / Rebeca Carapiá (Irê arte, praia e pesquisa -SSA-BA)
19/11 | sábado
14h às 16h – James Codjo Awononnou (multiartista beninense) apresenta a cultura Vodoun a partir de peças do Acervo da Casa do Benin
Auditório (Via Streaming com tradução consecutiva)
Mediação: Beatriz Gonzalez (PPGDAN-UFBA) e Paola Barreto (IHAC-UFBA)
22/11 | terça
14h às 15h – Danças Ararás de Cuba (Origem Fon)
Realizada por Beatriz Gonzalez Lagos
Aula aberta e gratuita com uma introdução teórica sobre os Ararás de Cuba e a prática da dança de Azohano e Afrekete – Sala Multiuso
Beatriz Gonzalez Lagos é pesquisadora das danças de Orixás de Cuba, Brasil e Benin. Brasileira, licenciada, bacharel, Mestra em dança na Universidade Federal de Bahia.. Estuda no Curso Profissionalizante de Dança da Funceb.
15 às 17h – Cineclube da Cobra – Projeção de curtas metragens seguida de debate com Prof. Marcelo Ribeiro (Arqueologia do Sensível/ FACOM-UFBA) – Auditório
23/11 | quarta
14h – Mediações através das Artes – Prática extensionista com componente curricular do BI em Artes / – Laura Castro (artista pesquisadora PPGAV-EBA/ ProfArtes-IHAC – UFBA) – Visitas / Galeria Pierre Verger e Galeria Lina Bo Bardi
15 às 16:30h – Roda de conversa: Ancestralidade e Tecnologia na diáspora – Pátio
Camila Carmo (Escritora e Professora LIF/ NuCus – UFBA)/ Kleyson Assis (Artista, Professor da UFRB e Otun Elebogi n’Ilê Asipà)
Mediação: – Paola Barreto (artista pesquisadora PPGAV-EBA/ ProfArtes-IHAC – UFBA)
25/11 | sexta
14h – Mediações através das Artes – Prática extensionista com componente curricular do BI em Artes / Ramon Fontes (IHAC – UFBA) – Visitas / Galeria Pierre Verger com mediação de Leticia Cherubim Giraud e Galeria Lina Bo Bardi com Ramon Fontes
26/11 | sábado
10h às 12h – Fluxos do Atlântico Sul: processos, investigações e desdobramentos
Ines Linke
Isabela Seifarth
Lia Krucken
Lucas Feres
Lucas Lago
Luisa Magaly
Mário Vasconcelos – Auditório
14h – Cineclube da Cobra: “No caminho do som”
NIWE BAI ~ caminhos do vento, Mi Mawai. 33min .Documentário. Brasil, 2022) e Pedra da memória, Renata Amaral. 58min. Documentário. Brasil, 2011. Projeção com a presença do realizador Lucas Canavarro Auditório
29/11 | terça
15h – Contação de história: Egbomi Cici de Oxalá apresenta a simbologia dos “Panneaux” (Tapeçaria Ideográfica) dos reis do Benim – Galeria Pierre Verger
16h – Faces do Invisível : a arte de Azebabá – Clarice Lis Marcon – Galeria Pierre Verger
03/12 | sábado
14h – Cineclube da Cobra: “MEMÓRIAS E RESSONÂNCIAS”
O dendê do Mestre Didi, Beth Formaggini. 5min. Experimental. Brasil
Sinopse: O dendê do mestre Didi tem muitas histórias.
Porque Oxalá usa ekodidé, Clyde Morgan. 23min. documentário. Brasil
Projeção com a presença do bailarino e coreógrafo Clyde Morgan – Auditório
10/12 | sábado
19h – Encerramento: Pixo Performance – Projeções ao Vivo com convidados a confirmar