Dissertação de egressa do PPGRI conquista premiação no 10º Concurso Nacional de Dissertação e Teses Universitárias em Relações Internacionais

Dissertação de egressa do PPGRI conquista premiação no 10º Concurso Nacional de Dissertação e Teses Universitárias em Relações Internacionais

A dissertação de mestrado da egressa do Programa de Pós-graduação em Relações Internacionais (PPGRI) Blenda Santos de Jesus foi premiada como a melhor dissertação do Brasil no 10º Concurso Nacional de Dissertação e Teses Universitárias em Relações Internacionais, organizado pela Associação Brasileira de Relações Internacionais (ABRI).

A dissertação de Blenda, intitulada Entre ativismos e pan-africanismos: “travessias” internacionais de mulheres negras, está disponível no Repositório Institucional da UFBA (https://repositorio.ufba.br/handle/ri/33960).

Resumo:

Título: Entre ativismos e pan-africanismos: “travessias” internacionais de mulheres negras

Autora: Blenda Santos de Jesus

O Atlântico Negro é o termo que descreve a transnacionalidade e a interculturalidade do espaço-lugar que compreende a África (continente), as Américas e a Europa (diáspora). É no Atlântico Negro, e particularmente na diáspora, onde se firma um dos muitos movimentos de resistência e reafirmação identitária negra: o pan-africanismo. Surgido no início do século XX, o movimento pan-africanista é uma alternativa de luta contra a opressão e a exploração, e em favor da emancipação de todos os povos negros do mundo. Isto posto, o presente trabalho tem como objetivo analisar em que medida o pan-africanismo dialoga com o ativismo de mulheres negras na diáspora do Atlântico Negro, com ênfase para o ativismo teórico-político de três mulheres negras diaspóricas que desenvolveram o seu trabalho ao longo do século XX: Claudia Jones, Lélia Gonzalez e May Ayim. Para realizar essa pesquisa, utilizo a metodologia qualitativa e bibliográfica, e adoto ainda a escrevivência e a interseccionalidade como procedimentos metodológicos. Assim, inicio a pesquisa situando a construção das identidades de mulheres negras na diáspora do Atlântico Negro, tomando como ponto de partida a (re)construção da minha própria identidade. Também averiguo em que medida o pan-africanismo compreende a questão de gênero, e quais são as interlocuções entre os ativismos de mulheres negras e o pan-africanismo na diáspora do Atlântico Negro. Nesse sentido, observa-se que as identidades de mulheres negras na diáspora são construídas de forma complexa a partir das categorias de raça e gênero, e, em meio a essa complexidade, desenvolvem ativismos que unem teoria e política, num verdadeiro pensar-fazer. Tais ativismos foram cruciais para o desenvolvimento do movimento pan-africanista ao longo do século XX, apesar da constante marginalização e silenciamento impostos às mulheres negras por seus companheiros de luta. Como se nota na elaboração de estratégias que se baseiam em princípios pan-africanistas (libertação, integração, solidariedade e personalidade), por exemplo, ativistas negras como Claudia Jones, Lélia Gonzalez e May Ayim não apenas dialogaram com o pan-africanismo como também se tornaram importantes lideranças de movimentos que possuíam como princípios orientadores os princípios pan-africanistas.