Revista Periódicus lança chamada de textos para dossiês de 2023

Revista Periódicus lança chamada de textos para dossiês de 2023

A revista Periódicus lançou as chamadas de textos para os dossiês a serem publicados em 2023. O primeiro deles, intitulado Circular em alianças: metodologias de colaboração e movimentos entre mundos, deseja reunir trabalhos que produzam reflexões metodológicas entre territórios, lutas e sentir-pensares que considerem a ecologia e a formação de alianças de modo antirracista e feminista. Os textos devem ser enviados até dia 1 de fevereiro de 2023.

O segundo dossiê, Não-binariedade: uma identidade emergente no Brasil contemporâneo, quer reunir textos teóricos, traduções, entrevistas, poemas, manifestos ou textos de crítica cultural que tematizem a questão das não-binariedades enquanto transidentidades. Os textos para o segundo dossiê devem ser enviados até 1 de junho de 2023.

Confira abaixo a íntegra das propostas (em português, espanhol e inglês) e quem são as pessoas organizadoras. As submissões devem ser enviadas pelo site https://periodicos.ufba.br/index.php/revistaperiodicus/index

A revista Periódicus foi criada em 2014 e é uma publicação semestral do Núcleo de Pesquisa e Extensão em Culturas, Gêneros e Sexualidades (NuCuS), vinculado ao Instituto de Humanidades, Artes e Ciências Professor Milton Santos e ao Programa Multidisciplinar de Pós-graduação em Cultura e Sociedade, da Universidade Federal da Bahia.  A revista é editada por Leandro Colling, Helder Thiago Maia, Matheus Araujo dos Santos, Léa Menezes de Santana, Marcelo de Troi e Euclides Neto, integrantes do NuCuS. A revisão gramatical e de normas é realizada pela Editora da Universidade Federal da Bahia.

Circular em alianças: metodologias de colaboração e movimentos entre mundos.

Circular entre mundos não é um fenômeno totalizante. Circula-se com e a partir de desigualdades, choques e violências. Como alianças evidenciam e encontram brechas para ampliar a articulação de resistências e formas mais dignas de colaboração? Essa pergunta é o ponto de partida desta chamada.

As monoculturas devoram o pluriverso – o mundo onde cabem muitos mundos, como nomeia o movimento Zapatista –, e geram processos de alienação da terra que afetam a todes, mas não de modo equiparável. A devastação gera contatos, migrações forçadas e necessidades de criação de redes para articular as lutas que se iniciam pela terra e água – entendendo terra e água como vivas em distintos mundos, povos, cosmologias, modos de vida e produção. Desejamos fazer deste número um espaço de compartilhamento de saberes sobre as possibilidades e desafios de colaboração tendo em vista diferentes posicionalidades dentro de um sistema destruidor da terra que hierarquiza corpos, territórios e epistemologias.

Como corpos e coletivos se movem e se conectam por terra e nas redes sociais, pelas nuvens (por avião) e pela nuvem (por cabos submarinos)? Como músicas, danças e outras práticas expressivas e formas de coletividade dão sentido a conexões e práticas de cuidado? 

Nos interessam principalmente reflexões metodológicas entre territórios, lutas e sentir-pensares que considerem a ecologia e a formação de alianças de modo antirracista e feminista. Nos interessam também narrativas que excedam a separação entre elaborações teóricas e os processos de onde elas nascem.

São bem vindas contribuições sobre metodologias de circulação; alianças parciais entre arte, ativismos, movimentos sociais e pesquisas acadêmicas; contra-narrativas, contra-arquivos e contra-cartografias; disputas de narrativas socioambientais e críticas às monoculturas; articulações entre heterocisnormatividades e monoculturas; existências trans e pluriversos; extrativismos e descolonização de imaginários; processos de colaboração e seus limites; armadilhas e interrupções em parcerias nos espaços acadêmicos e institucionais. 

Data limite para envio dos textos: 1 de fevereiro de 2023

Maria Fantinato G. Siqueira, doutora em Música, Universidade Columbia / pós-doutoranda no departamento de Antropologia Cultural, Universidade Duke.

Camila Nobrega R. Alves, doutoranda na Divisão de Gênero do departamento de Ciência Política da Universidade Livre de Berlim / Jornalista transmídia

Vered Engelhard, doutorande e professore bolsista (teaching fellow) no departamento de Estudos Culturais Latinoamericanos e Ibéricos na Universidade Columbia / artista independente

Circular en alianzas: metodologías de colaboración y movimientos entre mundos

Circular entre mundos no es un fenómeno totalizante. Se circula con y a partir de desigualdades, choques y violencias. ¿Cómo las alianzas evidencian y encuentran brechas para ampliar la articulación de resistencias y formas más dignas de colaboración? Esta pregunta es el punto de partida de esta llamada.

Las monoculturas devoran el pluriverso – el mundo donde caben muchos mundos, como lo denomina el movimiento Zapatista – y generan procesos de alienación de la tierra que nos afectan a todes, aunque no de modo equiparable. La devastación genera contactos, migraciones forzadas y necesidades de creación de redes para articular las luchas que se inician por la tierra y agua – entendiendo tierra y agua como vivas en distintos mundos, pueblos, cosmologías, modos de vida y producción. Deseamos hacer de este número un espacio para compartir saberes sobre las posibilidades y desafíos de la colaboración, teniendo en cuenta diferentes posicionalidades dentro de un sistema destruidor de tierra que jerarquiza cuerpos, territorios y epistemologías.

¿Cómo se mueven y se conectan los cuerpos y colectivos por tierra y en las redes sociales, por las nubes (por avión) y por la nube (por cabos submarinos)? ¿Cómo las músicas, danzas y otras prácticas expresivas y formas de colectividad dan sentido a conexiones y prácticas de cuidado? 

Nos interesan principalmente reflexiones metodológicas entre territorios, luchas y sentir-pensares que consideren la ecología y la formación de alianzas de modo antirracista y feminista. Nos interesan también narrativas que excedan la separación entre elaboraciones teóricas y los procesos de donde ellas nacen. 

Son bienvenidas contribuciones sobre metodologías de circulación; alianzas parciales entre arte, activismos, movimientos sociales e investigaciones académicas; contra-narrativas, contra-archivos y contra-cartografías; disputas de narrativas socioambientales y críticas a las monoculturas; articulaciones entre heterocisnormatividades y monoculturas; existencias trans y pluriversos; extractivismos y descolonización de imaginarios; procesos de colaboración y sus límites; trampas e interrupciones a colaboraciones en espacios académicos e institucionales.

Fecha límite: 1 de febrero de 2023

To circulate in alliance: methodologies of collaboration and movements between worlds.

Moving between worlds is not a totalizing phenomenon. We circulate with and within inequalities, clashes and violences. How do alliances highlight and find openings to amplify the articulation of resistances and ways of collaborating with dignity? This question is the starting point of this call.  

Monocultures devour the pluriverse – the world where many worlds fit, as the Zapatista movement names it – and generate processes of alienation from the land that affect us all, but not in an equivalent way. Devastation generates contacts, forced migrations, and the need to create networks to articulate the struggles over land and water – understanding land and water as living for different worlds, peoples, cosmologies, ways of life and modes of production. We want to make this number a space for sharing knowledge about the possibilities and challenges of collaboration taking into account different positionalities within a land-destroying system that hierarchizes bodies, territories and epistemologies.

How do bodies and collectives move and connect by land and social networks, via clouds (by plane) and the cloud (by submarine cables)? How do songs, dances, and other expressive practices and forms of collectivity give meaning to connections and practices of care? 

We are specially interested in methodological reflections between territories, struggles and thinking-feelings that consider ecology and the formation of alliances in an anti-racist and feminist way. We are also interested in narratives that exceed the separation between theoretical elaborations and the processes from which they are born.

We welcome contributions on methodologies of circulation; partial alliances between art, activism, social movements and academic research; counter-narratives, counter-archives and counter-cartographies; contesting socio-environmental narratives and critiques of monoculture; articulations between hetero-cis-normativities and monocultures; trans existences and pluriverses; extractivism and the decolonization of imaginaries; processes of collaboration and their limits; traps and interruptions for partnerships within academic and institutional spaces.

Accepting texts until Feb. 1st, 2023.

Não-binariedade: uma identidade emergente no Brasil contemporâneo

A questão das identidades trans não-bináries tem sido tema de crescente visibilidade e interesse no Brasil contemporâneo, mas também de ataques em campos distintos. A decisão de proibir o uso de linguagem neutra pelo estado de Rondônia, forma de tratamento de pessoas não-bináries na língua portuguesa, acabou levando a questão ao ministro do STF Edson Fachin, que decidiu suspender a interdição em novembro de 2021. Diante de um cenário de emergência de identidades não-bináries no campo cultural e político, é fundamental que façamos circular as reflexões teórico-crítica que abarquem os questionamentos e produções subjetivas inter-gênero, que provocam abalos nos modos organizacionais binários do pensamento e da nossa forma de ver o mundo. A proposta do presente dossier, sendo assim, é um chamamento para textos teóricos, traduções, entrevistas, poemas, manifestos, textos de crítica cultural, que tematizem a questão das não-binariedades enquanto transidentidades.

Data limite para envio dos textos: 1 de junho de 2023

Organização:

Adriana Azevedo –  Professore substitute do departamento de Teoria Literária da UFRJ e doutora em Literatura, Cultura e Contemporaneidade pela PUC-Rio

Andrey Chagas – Doutorando em Comunicação e Cultura na UFRJ

Walla Capelobo – Mestra em Estudos Contemporâneos das Artes no PPGCA (IACS/UFF)

La no binaridad: una idendidad emergente en el Brasil contemporáneo

La cuestión de las identidades trans no binarias ha sido un tema de creciente visibilidad e interés en el Brasil contemporáneo, pero también de ataques en diferentes ámbitos. La decisión de prohibir el uso del lenguaje neutro por parte del estado de Rondônia, una forma de tratamiento de las personas no binarias en la lengua portuguesa, finalmente llevó el asunto al ministro del STF, Edson Fachin, que decidió suspender la prohibición en noviembre de 2021. Frente a un escenario de emergencia de las identidades no binarias en el campo cultural y político, es fundamental que circulemos reflexiones crítico-teóricas que abarquen los cuestionamientos intergénero y las producciones subjetivas, que provocan choques en los modos binarios de organización del pensamiento y en nuestra forma de ver el mundo. La propuesta del presente dossier es una convocatoria de textos teóricos, traducciones, entrevistas, poemas, manifiestos, textos de crítica cultural, que discutan la cuestión de las no binidades como transidentidades.

Fecha límite: 1 de junio de 2023

Adriana Azevedo –  Professore substitute do departamento de Teoria Literária da UFRJ e doutora em Literatura, Cultura e Contemporaneidade pela PUC-Rio

Andrey Chagas – Doutorando em Comunicação e Cultura na UFRJ

Walla Capelobo – Mestra em Estudos Contemporâneos das Artes no PPGCA (IACS/UFF)

Non-binarity: an emerging idendity in contemporary Brazil

The issue of non-binary trans identities has been the subject of increasing visibility and interest in contemporary Brazil, but also target of attacks in different fields. The decision to ban the use of neutral language by the state of Rondônia, a way to refer to non-binary people in the Portuguese language, ended up taking the matter to STF Minister Edson Fachin, who decided to cancel the ban in November 2021. In a scenario of emergence of non-binary identities in the cultural and political field, it is essential that we circulate the theoretical-critical reflections that adress the questionings and subjective inter-gender productions, which shakes the binary organizational modes of thought and our way of seeing the world. The proposal of the present dossier, therefore, is a call for theoretical texts, translations, interviews, poems, manifestos, texts of cultural criticism, which thematize the issue of non-binaries as transidentities.

Accepting texts until Jun. 1st, 2023.

Adriana Azevedo – Professore substitute do departamento de Teoria Literária da UFRJ e doutora em Literatura, Cultura e Contemporaneidade pela PUC-Rio

Andrey Chagas – Doutorando em Comunicação e Cultura na UFRJ

Walla Capelobo – Mestra em Estudos Contemporâneos das Artes no PPGCA (IACS/UFF)

Referências bibliográficas:

ANZALDUA, Gloria. A vulva é uma ferida aberta & outros ensaios. Rio de Janeiro: Bolha Editora, 2021.

BORNSTEIN, Kate. Gender outlaw – On men, women and the rest of us. Nova York: Vintage, 2016.

BUTLER, Judith. Problemas de gênero – feminismo e subversão da identidade. Rio de Janeiro: Civilização Brasileira, 2008.

HALBERSTAM, Jack. Masculinidad Femenina. Madrid: Editora Egales, 2012.

NASCIMENTO, Letícia. Transfeminismo. São Paulo: Editora Jandaíra, 2020.

QUEBRADA, Linn da. Fissura. Série Pandemia. São Paulo: N-1 Edições, 2021.

RAJUNOV, Micah. Nonbinary: memoirs of gender and identity. Nova York: Columbia University Press, 2019.

VAID-MENON, Alok. Beyond the gender binary. Nova York: Penguin Workshop, 2020.

VERGUEIRO, Viviane. Sou travestis: estudando a cisgeneridade como uma possibilidade decolonial. Distrito Federal: Padê Editorial, 2018.