Recém-doutorada no Pós-cultura recebe Prêmio CAPES de Tese 2021

Recém-doutorada no Pós-cultura recebe Prêmio CAPES de Tese 2021

A recém-doutorada no Programa Multidisciplinar de Pós-graduação em Cultura e Sociedade (Pós-cultura) HANNAH ROMÃ BELLINI SARNO acaba de receber a outorga do Prêmio CAPES de Tese 2021, feita pela Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (CAPES) na área de conhecimento “Interdisciplinar”, por seu trabalho intitulado “‘Algo em que acreditar’: trajetórias de seguidores do Estado Islâmico na Inglaterra“, desenvolvido sob orientação do professor MESSIAS GUIMARÃES BANDEIRA (IHAC/Pós-cultura/UFBA).

Veja mais informações sobre o Prêmio AQUI.

Confira abaixo o resumo da tese:

O estudo analisa o fenômeno da adesão de jovens na Inglaterra ao grupo autointitulado Estado Islâmico (EI), focalizando as trajetórias de quatro deles. Sua proposta não é simplesmente examinar os modos como seguidores se relacionam com o grupo e os fatores que contribuem para que isto ocorra, mas compreender de que formas eles interagem com um conjunto de elementos da contemporaneidade – multiculturalismo e políticas públicas para a administração da diversidade cultural, globalização, midiatização − e explorar o processo por meio de uma perspectiva cultural, com ênfase em uma abordagem interdisciplinar. A tese defendida é de que se trata de um fenômeno multicausal de caráter marcadamente cultural, associado à formação da identidade desses indivíduos em um momento de crise, nas sociedades europeias contemporâneas, em que a identidade muçulmana passou a ocupar um lugar central, notadamente após o 11 de Setembro e a subsequente invasão do Iraque, em 2003. Esta tese envolve a ideia de que a constituição das identidades investigadas não é fundamentalmente informada ou influenciada por uma radicalização de cunho religioso teológico, sendo melhor compreendida com base na concepção de que, no processo, uma dimensão simbolicamente associada ao Islã é incorporada a um contexto já contencioso. A adesão à narrativa do EI e sua própria existência são exploradas pelo prisma de sua função como aglutinador de dinâmicas, insatisfações e problemáticas já em curso, que a vinculação de jovens ocidentais ao grupo explicita e tensiona. O grupo é tratado como um fenômeno de comunicação cuja existência e influência são inseparáveis das circunstâncias tecnológicas e comunicacionais características da contemporaneidade. A metodologia de histórias de vida, mesmo tendo em conta as limitações relativas ao seu emprego em um trabalho dessa natureza, propiciou a inscrição, na pesquisa, da dimensão subjetiva dos indivíduos enfocados, oportunizando a observação de aspectos emocionais e afetivos, reiteradamente negligenciados nas análises sobre o tema. Através dessa abordagem, foi possível apreender não só os percursos dos sujeitos, mas os vetores, redes e circunstâncias com os quais se articulavam, perceber como se adequavam às situações e quais os fatores envolvidos nessa dinâmica.

Hannah Romã Bellini Sarno

Doutora em Cultura e Sociedade, pela Universidade Federal da Bahia. Mestre em Mídia Global e Comunicação Pós-nacional, pela School of Oriental and African Studies (SOAS), da Universidade de Londres. Graduada em Estudos de Cinema, pela London Metropolitan University. Seus temas de interesse são Identidade, Multiculturalismo, Islã, Comunicação e Política.