Exposição de professor é destaque em A Tarde

A exposição do professor Renato da Silveira ganhou destaque no caderno de cultura do jornal A Tarde deste dia 13 de janeiro. Confira abaixo a íntegra da reportagem.
RENATO DA SILVEIRA LANÇA COLEÇÃO DE MÁSCARAS

O artista visual e pesquisador lança, hoje, no Palacete das Artes, a coleção Máscaras Afro-Brasileiras – Artimanhas Digitais

EDUARDA UZÊDA

Feições humanas mescladas com traços animais, que trazem também elementos da natureza, tecidos, metais e minerais e que chamam atenção pelo colorido e diálogo com a arte contemporânea.

Trata-se da coleção Máscara s Afro-Brasileiras– Artimanhas Digitais, composta por 12 imagens gráficas, inspiradas no imaginário africano e que possibilitam múltiplas leituras e interpretações.

A coleção, assinada pelo artista visual, escritor, pesquisador e professor Renato da Silveira, será lançada hoje, às 19 horas, no Palacete das Artes, na Graça, com direito à presença de baianas do tradicional Terreiro da Casa Branca.

O bufê servido por elas acompanha o tom afro-brasileiro, com iguarias como acarajé, abará, acaçá de leite e bolinhos de estudante. Como bebidas, sucos de frutas, cervejas e coquetéis tropicais.

A principal atração da noite, entretanto, são mesmo as máscaras de Renato da Silveira, 65 anos, 44 de trajetória artística.

“Quis criar figuras dramaticamente convincentes”, destaca.

As imagens trabalhadas pelo artista estão em um álbum formato A3. Elas foram escaneadas de livros e revistas ou desenhadas com a técnica da digitalização computadorizada.

Arte viva “Estas máscaras querem afirmar que a cultura afro-brasileira é viva, dinâmica, não é estanque”, afirma Renato da Silveira, que se assume como artista alternativo, embora dialogue com o circuito oficial. “O próprio título, Artimanhas Digitais, já traduz um pouco esta ideia”, acentua ele.

Doutor em Antropologia pela École dês Hautes Études en Sciences Sociales, de Paris, Renato também afirma que as máscaras afro-brasileiras pretendem chamar atenção para a diversidade humana, para a liberdade de expressão e ritos de diferentes culturas.

A ideia do projeto surgiu a partir de uma encomenda do publicitário e fotógrafo Sérgio Guerra, que lhe pediu uma ilustração para uma camiseta.

“Como estava com os dois joelhos machucados, tive tempo de ficar em casa pesquisando.

Resultou neste trabalho, que durou quatro meses”, conta, entusiasmado.

Os nomes das máscaras também chamam a atenção: Exu Vai-rolar, o Senhor da Improvisação; Oxumarê Omô, a Fofinha; Nelson, o Espectro Tímido; Bruxa Fashion e Anjo Banjo.

Ou seja, não faltam variadas referências culturais.

A máscara chamada A Torre da Madame Babel, por exemplo, dialoga com a obra do arquiteto catalão Antoni Gaudí (1852-1926). “As máscaras remetem às nossas capas sociais “Estas máscaras querem afirmar que a cultura afro-brasileira é viva, dinâmica, não é estanque” diárias e à ideia de ambiguidade”, entrega.

Experiência de exílio Ex-preso político, integrante do Movimento Revolucionário 8 de Outubro, o MR8 (organização brasileira de esquerda que participou do combate armado ao regime militar e que foi responsável pelo sequestro do embaixador americano Charles Burke Elbrick), Renato da Silveira tem formação humanista.

Três vezes preso durante a ditadura (1969, 1970 e 1971 ), foi obrigado a se exilar durante sete anos em Paris. “Talvez algum dia ainda escreva sobre esta experiência na reclusão”, diz o artista, que chegou a ficar confinado em uma masmorra.

A curto prazo, entretanto, tem dois projetos: um guia com 250 livrarias de Paris e um livro sobre as irmandades negras brasileiras, desde as origens até o declínio destas organizações, passando pelas mudanças sofridas.

A longo prazo, uma obra sobre os estereótipos políticos e raciais na cultura de massa.

LANÇAMENTO DA COLEÇÃO MÁSCARAS AFRO-BRASILEIRAS – ARTIMANHAS DIGITAIS, DE RENATO DA SILVEIRA /HOJE, A PARTIR DAS 19 HORAS / PALACETE DAS ARTES / RUA DA GRAÇA, Nº 284, GRAÇA / R$ 50 (VALOR DA OBRA)