Psicanalista lança livro sobre identidade na Facom

O psicanalista e professor da Universidade Federal de Sergipe, Eduardo Leal Cunha, lança, na próxima quarta-feira, dia 11, o seu livro Indivíduo singular e plural. A identidade em questão (Rio de Janeiro: Editora 7 Letras, 2009),  às 17h, no Auditório da Facom, com a conferência Identidade, ética e subjetivação no mundo contemporâneo, seguida de coquetel.

O evento é uma ação conjunta do Programa Multidisciplinar de Pós-graduação em Cultura e Sociedade, o Instituto de Humanidades, Artes e Ciências professor Milton Santos (IHAC), a Faculdade de Comunicação e o Centro de Estudos Multidisciplinares em Cultura (CULT). O evento foi aprovado como atividade de extensão do IHAC e, por isso, serão emitidos certificados aos inscritos. As inscrições poderão ser realizadas na hora.

Sinopse do livro:

Resultado de Tese de Doutorado defendida no Instituto de Medicina Social da Universidade Estadual do Rio de Janeiro, o livro discute o uso da noção de identidade no mundo contemporâneo a partir do seu vínculo com a experiência da modernidade e seu lugar em nossa experiência cotidiana, como forma hegemônica de relação consigo mesmo e com o outro. Nesse percurso, busca uma articulação entre suas dimensões política – como nas chamadas identidades étnicas e nacionais – e a experiência subjetiva, individual, e também investiga os vínculos entre a experiência identitária e as diferentes formas de racismo e preconceito.

Sobre o autor:

Eduardo Leal Cunha, baiano, 44 anos, é Psicólogo formado na UFBA e Psicanalista. Mestre em Teoria Psicanalítica (UFRJ) e Doutor em Saúde Coletiva (IMS/UERJ), atualmente é professor do Programa de Pós-Graduação em Psicologia Social e do Departamento de Psicologia da Universidade Federal de Sergipe, Pesquisador da FAPIETC/SE, Membro do Espaço Brasileiro de Estudos Psicanalíticos e Editor da Revista Psicologia: Ensino e Formação, publicada pela Associação Brasileira de Ensino em Psicologia em parceria com o Conselho Federal de Psicologia. Publicou, em 2004, O adultério em dez lições, pela Editora Planeta, e em 2008, A psicologia entre indivíduo e sociedade, junto com Liliana da Escóssia, pela Editora da UFS.

A orelha do livro:

DECLINANDO AS SINGULARIDADES
Joel Birman*

Uma das marcas significativas da contemporaneidade é a disseminação de movimentos sociais, fora do campo estrito dos partidos. Contudo, a problemática da política se faz aqui presente, por outro viés, que tem a pretensão inclusive de refundar o campo da política. Neste contexto, o que se destaca é a proliferação de projetos identitários. Com efeito, do movimento feminista ao gay, passando por aqueles que enunciam as perspectivas colocadas pelas diversas etnias, o que se declina em comum é a construção da identidade. Além disso, todos esses movimentos sociais pretendem, ainda, não ficarem restritos ao campo do Estado-nação, almejando sejam novas universalidades seja enfatizar os particularismos.
Certamente, essa florescência de projetos identitários tem como contrapartida a dispersão e a fragmentação, características axiais do mundo pós-moderno. Seria, assim, o descentramento do sujeito, que se conjuga com a proliferação da angústia e a incerteza de ser dos indivíduos, que seria a condição de possibilidade concreta para que as subjetividades passassem a procurar com sofreguidão os seus pontos de apoio em identidades diferenciais, fora do campo da soberania política. Pode-se afirmar, portanto, que as incertezas de existir, promovidas pela fragmentação contemporânea, seriam o correlato da ruptura ocorrida no registro da soberania política e do Estado-nação, de maneira a que se possam costurar assim os impasses nas formas de subjetivação com o registro estritamente político. Enfim, a crítica ao psicologismo se desdobra numa leitura do solo político, que teria fundado historicamente o discurso da psicologia.
A proposição fundamental que se formula nessa obra é a de demonstrar a articulação existente entre a concepção de identidade e a emergência da modernidade no Ocidente, costura essa que foi alinhavada pela construção do Estado-nação e a noção de soberania. Essa proposição, no entanto, apenas pode se realizar numa perspectiva genealógica de leitura, baseada nas pesquisas empreendidas por Foucault. Para isso, impõe-se como condições prévias a crítica ao discurso da sociologia (Giddens) e do discurso positivista da história, na medida em que esses legitimam o projeto identitário produzido pela modernidade.
Com isso, as contribuições fundamentais da psicanálise para a interpretação do psiquismo, fundado nos registros da pulsão, do inconsciente e da fantasia, podem aqui se inscrever, de fato e de direito, para que se possam conceber outras modalidades de subjetivação que sejam compatíveis com uma leitura do psiquismo fundado no descentramento. Outras narrativas de si seriam assim legitimadas, para dar conta então das novas formas de subjetivação pelas quais as singularidades (Agambem) procuram se constituir, possibiliando, assim, o fortalecimento da criatividade.