Poetas de rua ministram oficina

No dia 13 de outubro, às 17h, foi realizada a Oficina de Criação Poética, ministrada pelo webdesign e artista de rua, Pareta Calderasch, e pelo também  poeta de rua, Poeta Loloca.  A oficina fez parte da Semana de Arte, Cultura e Ciências (SACCI), do IHAC.

Pareta Calderasch teve a alegre surpresa de encontrar os alunos participantes da oficina já em atividade. Isso aconteceu devido à iniciativa de um dos participantes do evento e também artista de rua, Paulo Carvalho Mendes (conhecido no meio artístico como Poeta Loloca). Loloca  estava começando uma atividade de produção poética, em que os participantes iam ao quadro e escreviam um verso. Calderasch revelou que era exatamente essa atividade que ele iria praticar. “Loloca adivinhou meu pensamento, cara!”.
 
Poeta Loloca é formado em Engenharia Mecânica pela UFBA e, atualmente, faz matérias como aluno especial em Letras e em Engenharia. Ele participou do Festival Arte e Poesia, órgão de divulgação da poesia de rua, que há quatro anos atua na Bahia. Já Calderasch, que atuou há cinco anos na área de webdesign, atualmente é aluno do Teatro Vila Velha, onde faz oficina de formação múltipla de ator e outra de iniciação teatral. Além disso, faz também curso livre de teatro do Serviço Social do Comércio (SESC).
 
Fruto da oficina, foram criadas três poesias (duas escritas no quadro e outra em áudio). Leiam as poesias escritas, abaixo:
 
 
POEMA 1:
 
Não importo o que acontece
As flores de plástico não morrem
Comecei pelo óbvio…
Mas tudo não passaria de brincadeira
Morrer, o que é morrer?
Não importa, eu não sabia para onde ir
De repente uma rosa surgia nos sonhos
E fiquei assim… completamente nua
Pois refém eu sou do seu amor
E saí… dando “porra” no vento
Naquela madrugada trepida
E a noite batia nas costas do vento
Arretada do vômito do dia
Grandes pernas para sonhos mínimos
Corria traços nas pernas dos luminares
Refém do seu amor? Nem pensar
Na prisão da mente atormentada
Mas, me sinto só, e a solidão dói
Doe nas esperniações dos dizeres
Que tantos vão para lugares vazios
E escopo pela fresta que ainda me resta
Era só um sonho!
E acordei respirando sangue
 
POEMA 2:
 
Perdido, entre os passos que dei em minha alma
Caí em abismos no descortinar das horas
Faço brigadeiro e lambendo os dedos fico
Lembrando das notas dissonantes
Da canção que fiz que fala de amora
Só não sei como musicar esse emaranhado de cores
Também não sei onde guardar tanto de mim
Aliás, nem sei quem sou eu!
Sou mulher, sou menina, sou escravo dos meus sentimentos
As pernas quentes saem louca pela estrada da sua cara
Há caminhos que preciso fazer
Caminho em notas se si e de sol e me desfaço em pingos de uva
Sou vento, tempestade, sou raio e trovão
Sou o mais profundo de mim
O traço acabou…
Sou uma gota de sangue do teu olhar
Desse olhar que brilha quero só saber
Onde encontro o que realmente sou
O problema é que para estar contigo é preciso aprender
Isentar a voz daquilo que dizem que é alma
É preciso estar calma, aprender a ser só
Desmanchar o nó e cair na risada
E os caminhos percorridos não podem ser apagados assim!
É preciso pensar
Então percebo que me uso e abuso de tudo aquilo que não sou
Só preciso então, terminar a canção da amora
Um dia largo tudo e te amo de uma vez
Porque sabor de amora só você tem