“Arte não é somente a imitação da natureza”, diz sociólogo

No dia 14 de setembro, às 17h, na sala 101 do PAF-III, ocorreu a palestra sobre bioarte, biotecnologias e metacriação, com o sociólogo português do Instituto de Ciências Socias da Universidade de Lisboa, José Luís Garcia.

Ele defendeu que biociência, biotecnologia, dentre outros termos, são imprecisos. Para suprir essas imprecisões, criou-se a expressão biotecnociência, que engloba as áreas da engenharia biológica, engenharia da informação, biotecnologia, biomédica, técnicas reprodutivas, tecnologias telemáticas e novos media.
Dentre outros aspectos, a bioarte veio para “quebrar” a antiga citação de Aristóteles – que durou 2 mil anos – que dizia que a arte é imitação da natureza. Os artistas da bioarte – os bioartistas –, segundo Garcia, são os homocreators, os homens-obreiros, um micro-Deus.

Um exemplo das criações dos bioartistas é a hibridização de plantas: eles cruzam plantas silvestres, rejeitando os resultados indesejáveis, buscando, assim, a beleza da planta perfeita. Um bioartista que faz essa metacriação é o biólogo norte-americano George Gessert, um dos pioneiros da bioarte que, ainda na década de 1980, se auto-intitulava “DNArtista”.

Outro exemplo são as obras do carioca Eduardo Kac, formado pela Faculdade de Comunicação Social da Pontifícia Universidade Católica do Rio de Janeiro e hoje professor do Departamento de Arte e Tecnologia do Instituto de Arte de Chicago. Numa exposição feita pelo artista, ele colocou bactérias vivas numa caixa, buscando como objetivo a mudança física constante da obra.

Segundo Garcia, os bioartistas sabem como se cria, por isso estão num plano superior. “Eles produzem o novo natural e não obras artificiais”, afirmou ele.“A bioarte está na esfera da absoluta criação, da pura criação”, concluiu Garcia. Quando questionado por um estudante se devemos separar a bioarte das outras artes ou se devemos circunscrevê-las em algo maior, Garcia não soube responder, afirmando que nem para tudo existe resposta.