Professores avaliam positivamente o ensino no primeiro semestre do IHAC
Programas discutidos em equipe, revezamento de professores em diversas turmas, acionamento de diversas áreas do saber, criações artísticas, uso de diversas ferramentas e metodologias e muita reflexão. Assim poderíamos resumir como a área de ensino buscou a interdisciplinariedade no primeiro semestre de existência dos quatro Bacharelados Interdisciplinares (em Humanidades, Artes, Saúde, Ciência e Tecnologia) do IHAC (Instituto de Humanidades, Artes e Ciências Professor Milton Santos). Ao encerrar o semestre, os professores avaliam as experiências como muito produtivas e se preparam para aperfeiçoar o trabalho em 2009.2.
Um dos componentes curriculares (CCs) que mais festejou o resultado obtido no semestre foi o de Políticas Culturais. O programa foi criado a partir de reuniões entre os docentes. Após um brainstorming (técnica de dinâmica de grupo, normalmente desenvolvida com pessoas que possuem competências diferentes, para explorar a potencialidade criativa do indivíduo), temas foram escolhidos e organizados em blocos, em função da proximidade, afinidade e trajetória de ensino de cada docente.
A partir disso, o componente foi organizado em seis blocos: o primeiro, de caráter introdutório – O lugar da cultura na contemporaneidade e conceitos de cultura -, ministrado por todos os professores do CC de Políticas Culturais e os outros cinco blocos, versando sobre temas especiais no campo das políticas culturais: Culturas juvenis e diversidade cultural, Cultura e tecnologia, Patrimônio material e imaterial, Cultura e desenvolvimento e Políticas culturais (Brasil e Bahia), ministrados, respectivamente, por Carlos Bonfim, Messias Bandeira, Adalberto Santos, Paulo Miguez e Albino Rubim.
O coordenador do CC de Políticas Culturais, professor Paulo Miguez, explica que cada turma de Políticas Culturais teve um docente-regente e recebeu a visita dos demais integrantes da equipe responsável pelo CC. O primeiro módulo, introdutório, foi coordenado pelos docentes responsáveis pelas turmas. A partir do segundo momento iniciaram-se as visitas às demais turmas. Cada professor ministrou duas aulas sobre seu bloco temático. Ao final de cada bloco temático, as turmas realizaram uma avaliação sobre o componente e sobre os temas estudados em cada bloco. A turma voltou a se encontrar com seu respectivo professor para uma aula em que foi realizada uma prévia do bloco temático seguinte. “Eu nunca vi um trabalho assim sendo realizado na UFBA”, comemora o professor Albino Rubim.
Segundo o professor Bonfim, o CC beneficiou-se também com a diversidade de formação, trajetória, possibilidades e interesses de cada docente e pela metodologia e recursos utilizados por cada um deles. Deste modo, o CC contou com contribuições oriundas da antropologia, da história, da filosofia, da sociologia, do direito, da economia, da teoria da cultura e das artes. Um blog foi criado para, além de material bibliográfico e audiovisual para as aulas, ocorresse um fórum de discussões.
Os professores avaliam que a troca de experiências neste semestre foi muito satisfatória e fecunda. Segundo eles, os alunos avaliaram positivamente o programa, o plano de ensino e o rodízio de professores. Elogiaram também o blog e o fórum de discussão que foram criados.
Uma forma de melhorar as experiências adquiridas neste semestre é, segundo Miguez, aprofundar o trabalho em conjunto dos professores e articular Políticas Culturais com outros componentes curriculares. “Mas devemos também ouvir algumas observações feitas pelos estudantes ao longo do semestre, como a quantidade de leitura e a dificuldade de acesso aos textos. Os alunos acham também que teria sido muito proveitoso se o CC tivesse contemplado, por exemplo, pesquisas por parte dos estudantes e visitas a espaços relacionados aos blocos temáticos”, explica ele.
Introdução ao Campo da Saúde
O plano de ensino e de trabalho do componente curricular de Introdução ao Campo da Saúde foi criado em reuniões realizadas com as professoras Carmem Teixeira e Ana Luiza Vilas Boas, do ISC (Instituto de Saúde Coletiva da UFBA). Elas selecionaram um conjunto de textos básicos para serem trabalhados em sala de aula, através de exposição participativa e de estudos dirigidos.
O trabalho incentivou a participação dos alunos em editais de iniciação científica e extensão. Uma lista de discussão foi criada pela internet. A interdisciplinariedade foi trabalhada em uma série de temas do campo da saúde. A partir de eixos temáticos ampliados, os alunos escolheram determinados assuntos, como, por exemplo, Aids, planejamento familiar, nanotecnologia aplicada ao campo da saúde, democratização da saúde, arteterapia, câncer de útero e de mama. Os estudantes foram convocados a pensar tais temas a partir não apenas do campo científico da saúde, mas também a partir das informações veiculadas pela mídia e das produções artísticas ligadas ao tema.
Avaliação dos professores é positiva. “O engajamento dos alunos e a qualidade de suas produções, assim como as mudanças de visão ocorridas entre eles a partir do que trabalhamos ao longo do semestre, revelam que estamos num bom caminho. No BI em Saúde, já iniciamos reuniões com outros cursos de graduação deste campo e a idéia é desenvolvermos isto conjuntamente. Algumas das áreas previstas são: Ciência Animal e Biociências. Outras estão em fase de negociação”, disse a professora Maria Thereza Coelho.
Ação Artística
No componente curricular de Ação Artística, os docentes reuniram-se para trocar experiências acerca de métodos e sistemáticas de avaliação. O trabalho em conjunto entre os professores foi organizado com reuniões preparatórias, realizadas entre janeiro e fevereiro. Para um trabalho em conjunto em todas as turmas foi elaborado um seminário em torno da temática da memória, a partir do filme Eu me lembro, de Edgar Navarro. Nesse componente os professores também circularam entre as turmas.
A interdisciplinaridade em Ação Artística ocorreu em torno de quatro elementos: imagem, palavra, som e movimento. Os docentes contemplaram as diversas formas de composição artística, envolvendo artes visuais, música, dança, teatro, vídeo e texto, de acordo com suas especialidades e com os interesses dos estudantes.
Os professores destacam que ficou como experiência de aprendizado para o próximo semestre a criação artística numa relação articulada entre teoria e prática, envolvendo leituras de textos, mesas redondas e apresentações artísticas na sala de aula e no auditório, onde foi realizado um evento cênico com vídeo, artes plásticas, dança, música e teatro, dentro da I Mostra de Ação Artística do IHAC. Na apresentação da turma do professor Sérgio Farias, os alunos apresentaram duas cenas teatrais curtas, uma delas envolvendo dança, um show musical e um vídeo com as obras de arte visual de alguns deles.
Para melhorar as experiências para o próximo semestre, o professor Farias considera que o deslocamento das aulas de Ação Artística para as salas da Escola de Belas Artes e de Dança é uma condição necessária para as turmas que têm, em sua programação, trabalhos corporais. Outro fator que precisa ser apontado é o horário para ensaios das apresentações artísticas, já que os estudantes têm dificuldade de participar no turno diurno. Um horário nos finais de semana poderá ser viabilizado.
Estudos da contemporaneidade I
O componente curricular de Estudos da Contemporaneidade I, obrigatório para todos os alunos do IHAC, também foi organizado a partir de reuniões realizadas pelos professores responsáveis. Assim como ocorreu em Políticas Culturais, um levantamento de temas centrais da contemporaneidade foi inicialmente realizado. Assim, o componente contou com discussões sobre corpo, subjetividade, identidade, poder, direitos, cidadania, inovação tecnológica, comunicação, redes e globalização. No próximo semestre, em Estudos da contemporaneidade II, outros temas considerados centrais serão estudados.
Algumas reuniões foram realizadas entre os professores para tratar sobre o andamento dos trabalhos e definir alguns textos em comum. “Nas minhas turmas as avaliações foram muito positivas. Os alunos sugeriram que os professores também circulassem entre as turmas, assim como ocorreu em outros componentes”, disse o professor Leandro Colling.