Palestra sobre zapatistas atrai estudantes

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As discussões sobre o movimento zapatista atraíram cerca de 70 pessoas para a sala 203 do PAF 3, no IHAC, no dia 14 de outubro, às 18h. A palestra Não se trata de tomar o poder: o movimento zapatista no México e no mundo, foi ministrada pelo jornalista e escritor mexicano Alejandro Reyes (foto), integrando a Semana de Artes, Cultura e ciências do IHAC (SACCI). A atividade evidenciou que os participantes desconheciam o movimento, que ficou conhecido mundialmente a partir de 1º de janeiro de 1994, quando os seus integrantes ocuparam sete cidades ao sul do México.

Reyes dialogou sobre o movimento zapatista originado no México. Segundo ele, o movimento é desconhecido por muitas pessoas porque a grande mídia não quer que as pessoas saibam dos zapatistas. Mas a mídia alternativa, lembrou ele, cumpre o papel de divulgação. Os zapatistas, formados por guerrilheiros indígenas e outros adeptos, decidiram, depois de tentar negociar com o governo mexicano, criar o seu próprio território autônomo, com sistema de educação, saúde, mídia, economia, leis, forma de governo e produção auto-sustentável. Apesar de estarem em ambientes longínquos do México, em Chiapas, eles possuem sua própria rádio (utilizada como mídia alternativa) e conexão à internet.

Os zapatistas, inspirados na luta de Emiliano Zapata contra o regime autocrático de Porfirio Díaz, que encadeou a Revolução Mexicana, em 1910, têm como uma de suas propostas mudar plenamente o sistema atual de governo, que vive hoje, segundo Reyes, uma democracia representativa (onde somente, a cada quatro anos elegemos um novo representante que substitui aquele antigo). “No governo de hoje existe uma relação vertical, uma relação hierarquizada. Os zapatistas desejam horizontalizar as relações de governança onde se teria a participação efetiva do povo na tomada de decisões para o bem da nação estabelecendo, assim, uma relação horizontal entre população e governo. “Essa seria uma nova forma de democracia”, comenta Reyes. “Os zapatistas não acreditam em partido político. Muda-se o representante, mas não o sistema”, disse.

Reyes disse que o governo mexicano continua agindo de várias formas para acabar com o movimento zapatista, inclusive através de ações para-militares. Ele também denunciou que existe um projeto turístico com vistas a tornar a região de Chiapas uma nova Cancun. A comunidade não foi ouvida e rejeita a proposta. Um vídeo sobre o assunto pode ser visto em http://desinformemonos.org/2009/08/%e2%80%9cno-nos-benefician%e2%80%9d/

Os zapatistas normalmente aparecem de rostos cobertos e todos se nomeiam como Marcos.  Abaixo está uma explicação sobre essa afirmação retirada do link: http://pt.wikipedia.org/wiki/Movimento_zapatista.

“Marcos é gay em São Francisco, negro na África do Sul, asiático na Europa, hispânico em San Isidro, anarquista na Espanha, palestino em Israel, indígena nas ruas de San Cristóbal, roqueiro na cidade universitária, judeu na Alemanha, feminista nos partidos políticos, comunista no Pós-Guerra Fria, pacifista na Bósnia, artista sem galeria e sem portfólio, dona de casa num sábado à tarde, jornalista nas páginas anteriores do jornal, mulher no metropolitano depois das 22h, camponês sem terra, editor marginal, operário sem trabalho, médico sem consultório, escritor sem livros e sem leitores e, sobretudo, zapatista no Sudoeste do México. Enfim, Marcos é um ser humano qualquer neste mundo. Marcos é todas as minorias intoleradas, oprimidas, resistindo, exploradas, dizendo ¡Ya basta! Todas as minorias na hora de falar e maiorias na hora de se calar e agüentar. Todos os intolerados buscando uma palavra, sua palavra. Tudo que incomoda o poder e as boas consciências, este é Marcos”.

Reyes forneceu o site oficial da rádio do movimento zapatista que pode ser ouvida online através do link: www.radioinsurgente.org

Outro rádio divulgada por Reyes é a que pode ser acessada via www.radiozapatista.org. Esta é formada por um coletivo alternativo, parte do movimento civil derivado da Sexta Declaração e a Otra Campaña.